“Um pé lá, outro cá”: a estratégia de Domingos Enfermeiro e os riscos de se manter em cima do muro

“Um pé lá, outro cá”: a estratégia de Domingos Enfermeiro e os riscos de se manter em cima do muro

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À medida que a corrida eleitoral para o governo do Pará ganha força, os bastidores políticos do sul do estado começam a se movimentar intensamente — e Pau D’Arco se destaca nesse cenário, não só pela relevância regional, mas pela postura ambígua adotada por seu prefeito, Domingos Enfermeiro, do MDB.

Apesar de pertencer ao mesmo partido do atual governador Helder Barbalho e da vice-governadora Hanna Ghassan, que desponta como possível sucessora natural ao governo, Domingos tem adotado uma posição que, para muitos, lembra os velhos métodos da política tradicional: o de tentar agradar gregos e troianos.

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Nos bastidores, há rumores de que o prefeito busca manter as portas abertas com Dr. Daniel, atual prefeito de Ananindeua, que lidera as pesquisas eleitorais e representa um campo político fora da base de Helder. A estratégia incluiria, segundo fontes, uma articulação para que seu vice-prefeito, Chiquinho, declare apoio justamente a Daniel, enquanto Domingos mantém um discurso alinhado com o grupo do MDB.

O movimento ficou ainda mais evidente com a postura do presidente da Câmara Municipal, vereador Charles Alves, do União Brasil, partido agora federado com o PP na chamada União Progressista. Charles, que já foi aliado de outro grupo político, se reaproximou de Domingos e declarou apoio a um pré-candidato opositor à base de Barbalho, o que aumentou a tensão nos bastidores.

CHARLES ALVES – PRESD. DA CÂMARA MUNICIPAL

A pergunta que ecoa é simples:

Essa tentativa de agradar todos os lados não estaria colocando o município em risco?

Embora Domingos esteja bem avaliado pela população — graças a ações recentes e melhorias visíveis na cidade —, no meio político, sua imagem começa a ser vista com desconfiança. A fama de ser “esperto demais” já circula entre lideranças estaduais, e isso pode custar caro. Em política, confiança e posicionamento valem tanto quanto resultados administrativos.

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A grande dúvida agora é: o governador Helder e sua vice Hanna irão tolerar essa dubiedade? E, caso Daniel de fato vença a disputa, confiará ele em um prefeito que permaneceu em cima do muro durante toda a campanha?

Neutralidade estratégica pode até ser lida como diplomacia, mas no xadrez político paraense, ela pode ser interpretada como falta de firmeza ou conveniência perigosa.

É tempo de decisão.

Pau D’Arco precisa de um líder com posicionamento claro. O município não pode ser usado como moeda de troca ou trampolim para projetos pessoais. Liderança exige coragem, e coragem exige lado.

Porque, no fim das contas, quem tenta agradar a todos pode acabar sem aliados quando mais precisa.

Análise: Cicero Jr