Sob pressão de relatório da PF, ex-presidente se prepara para enfrentar acusações de tentativa de golpe
O ex-presidente Jair Bolsonaro retornou a Brasília na noite desta segunda-feira (25), após passar dias em Alagoas, onde esteve hospedado na casa do ex-ministro do Turismo Gilson Machado. Sua volta ocorre em meio à expectativa pelo levantamento do sigilo do relatório final da Polícia Federal (PF), que o aponta como figura central em uma suposta conspiração para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nos próximos dias, Bolsonaro deve se reunir com seus advogados para traçar estratégias de defesa diante das acusações que envolvem ele e 36 outros indiciados, entre ex-auxiliares, militares e integrantes do governo anterior.
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A operação da PF, batizada de Contragolpe, revelou supostos planos que incluíam ações drásticas, como o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Um dos alvos principais foi o general Mario Fernandes, que, segundo as investigações, teria articulado a elaboração de um planejamento golpista enquanto ocupava posição estratégica no governo.
Bolsonaro, por sua vez, tem minimizado as acusações em conversas com aliados. Ele sustenta que jamais apoiou ideias de golpe e que muitas das propostas recebidas eram inviáveis ou precipitadas, enfatizando que qualquer decisão do tipo dependeria do Conselho da República, um órgão previsto na Constituição para situações excepcionais, como crises institucionais.
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O indiciamento de Bolsonaro vem acompanhado de novos desdobramentos envolvendo antigos aliados. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, garantiu os benefícios de sua colaboração premiada ao prestar depoimentos que detalham a participação de militares de alta patente na suposta trama. Entre os citados está o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e nome de confiança de Bolsonaro, que também figura entre os investigados.
O retorno do ex-presidente à capital reforça a atenção sobre os próximos passos das investigações e o impacto político que o relatório da PF pode gerar.