A morte trágica da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, ganhou grande repercussão nas redes e na imprensa nacional. No entanto, mais do que comoção, o caso também gerou um intenso debate sobre responsabilidade, empatia e ação diante de uma situação humanitária urgente.
Juliana caiu em uma fenda de 40 metros durante uma trilha e ficou desaparecida por cinco dias. Após ser encontrada sem vida, sua família enfrentou uma nova dor: a dificuldade e o alto custo do traslado do corpo de volta ao Brasil — processo que pode ultrapassar R$ 25 mil.
Governo diz “não”
Segundo nota oficial do Itamaraty, órgão responsável pelas relações internacionais do Brasil e ligado ao governo Lula, não há previsão legal para custear o traslado de corpos de brasileiros mortos no exterior. A regra está amparada no Decreto nº 9.199/2017, que estabelece que tal responsabilidade cabe exclusivamente à família. Ou seja, diante do drama da família Marins, a resposta oficial foi negativa, apesar da comoção nacional.
A ausência de uma ação mais solidária por parte do Estado gerou críticas e indignação nas redes sociais. Muitos brasileiros cobraram sensibilidade e alternativas do governo federal, lembrando que o país gasta bilhões em outras áreas, mas não consegue intervir, nem mesmo simbolicamente, em um caso que tocou o coração do povo.
Enquanto isso, um gesto nobre de Pato
Diante da omissão do governo, quem decidiu agir foi o ex-jogador de futebol Alexandre Pato. Sensibilizado com a história, Pato entrou em contato com a família de Juliana e se comprometeu a arcar integralmente com os custos da repatriação do corpo da jovem.
“Quero pagar esse valor para que todos tenham paz e para que ela possa descansar ao lado da família”, escreveu o atleta, emocionando milhares de pessoas nas redes sociais com sua atitude.
O gesto foi amplamente elogiado por internautas e artistas, que ressaltaram o exemplo de empatia, humanidade e responsabilidade social dado por uma figura pública que usou sua visibilidade e recursos para amparar uma família em luto.
Um contraste que gera reflexão
O caso expõe um profundo contraste entre a burocracia fria do Estado e a iniciativa compassiva de um cidadão. Enquanto a máquina pública se esconde atrás de normas legais — mesmo diante de uma tragédia amplamente divulgada —, um indivíduo, por vontade própria, assumiu o que deveria ser, no mínimo, uma preocupação coletiva.
É compreensível que haja limites legais, mas fica a pergunta: onde está a humanidade do poder público quando ela é mais necessária? Por que falta flexibilidade, solidariedade e ações emergenciais em casos tão delicados?
Juliana Marins não volta. Mas sua história expõe feridas: a da ineficiência estatal diante da dor alheia e a da esperança, que sobrevive nos gestos individuais, como o de Alexandre Pato. Uma jovem foi perdida, mas uma lição de humanidade foi dada — e não partiu de onde se esperava.